Entrevista: Lilian Farias autora de As mulheres que não sabem chorar

Olá pessoal! Hoje trago a vocês uma entrevista exclusiva com nossa autora parceira, Lilian Farias! Vocês vão ter a oportunidade de saber mais sobre a autora, o que ela pensa sobre o cenário cultural no Brasil e tudo mais!Não podem perder! Vamos conferir comigo?

EL&Cia: Olá Lilian! É um imenso prazer para mim poder entrevistá-la! O blog Era uma vez... Livros e Cia agradece por sua atenção e para iniciarmos esse nosso bate papo para lá de interessante, quero perguntar, quem é Lilian Farias?
R: Lilian Farias é só Lilian, mas ama escrever sobre o que incomoda.

EL&Cia:Conte-nos como surgiu a vontade de ser escritora. Acredito que varia de autor para autor e os leitores adoram esse tipo de depoimento pessoal (risos), na verdade, eu também adoro! Afinal, escrever é um dom maravilhoso!
R: Eu sempre escrevi, não exclusivamente por vontade, mas por algo indomável que me guia à escrita. Mas, cronologicamente, começou quando fui alfabetizada...

EL&Cia: Uma pergunta que não quer calar, de onde você tira inspiração? Ela simplesmente aparece ou você tem algumas táticas?
R: Não tenho táticas, basta ver o poético da vida que fico inspirada. Uma imagem, uma música, um sonho, um sorriso, às vezes, até um bom-dia!

EL&Cia: Você encontrou muitas dificuldades para publicar os seus livros? Conte um pouquinho para nós sobre o processo de publicação.
R: Publicar, não! Escrevi e em dois meses já tinha editora, mas tenho dificuldade na divulgação; distribuição, espaço na mídia etc.

EL&Cia: Então Lilian, pensando neste contexto de publicação/divulgação de obras brasileiras, eu estou sempre tentando trazer novidades para os meus leitores, e, assim, gosto muito de fazer entrevista com autores brasileiros para ajudar o público a conhecer o nosso atual cenário literário que, muitas vezes, passa despercebido em meio “as febres internacionais”. O que, em minha opinião, é uma pena. Pensando neste contexto, o que você acha que falta para que os autores brasileiros sejam reconhecidos?
R: Acho que a mídia, que tem uma dívida moral com o povo brasileiro, deveria fazer isso. O autor nacional é reconhecido (afinal quem não conhece Machado ou Paulo Coelho?), mas isso não é regra geral, deixando evidente até na literatura nossa desigualdade social, temos um grande número de leitores e autor para todo tipo de leitor. No entanto, o foco é maior para os internacionais. Já pensou se a Rede Globo fizesse uma campanha de 1 ano para o público ler nacionais? E se o SBT fizesse a mesma campanha de 1 ano para lerem o autor do estado de cada telespectador? Pra mim, falta espaço, falta educação, falta investimento na cultura, falta lei para proteger o escritor, faltam bibliotecas etc. As escolas também têm o poder de mudar essa realidade, basta que os professores queiram... Eu não vejo problema algum que ao invés de a professora forçar o aluno a ler Machado, deixe-o ler O príncipe Gato, por exemplo.
Espero que com o Vale cultura essa realidade comece a mudar.

EL&Cia: Bem, você sabe que existe uma grande barreira entre os livros e os brasileiros, tanto é que a última pesquisa feita em território nacional apresentou resultados alarmantes, constatou-se que o brasileiro lê quatro livros por ano, contando a bíblia e livros didáticos! Pensando por este lado, alguma vez já se sentiu desmotivada em escrever?
R: Bom, acredito que essa realidade está começando a mudar. Há poucos dias, saiu o primeiro resultado do Vale cultura e o investimento em livros foi alto e cada dia vai mudar, visto que o número de pessoas escolarizadas tem aumentado.
Há um mês, meus alunos disseram: “a mudança social no Brasil só vai existir, quando existir bibliotecas para todos!”
Confesso que não esperava ouvir isso, fiquei feliz!

EL&Cia: Aliás, qual é sua maior motivação?
R: A vida.

EL&Cia: Lilian, também escrevo e estou na luta pela publicação a bastante tempo, recentemente, meu primeiro romance (segunda publicação) saiu pela editora Literata e o sonho de ter o livro físico em mão se tornou real, depois de muito tempo! Comecei a escrever aos oito anos e todo mundo me desmotivava. Diziam que era bobagem escrever, pois ninguém jamais leria. Com o passar do tempo descobri que realmente o mercado editorial brasileiro é bastante rude. Os preços absurdos, a divulgação muito precária e o retorno é uma flecha incerta que não sabemos se vai acertar o alvo. O que você me diz a este respeito? De fato é muito difícil vender seu trabalho?
R: Eita, você falou de uma realidade cruel. O mercado editorial é cruel e, por vezes, desonesto. Sim, é muito difícil vender livros, principalmente que ter editora não é sinal de venda. Muitas editoras não fazem divulgação ou distribuição e isso é por conta do autor.

EL&Cia: Lilian, o seu mais novo trabalho é As mulheres que não sabem chorar, pela resenha que li, percebi que ele é um livro bastante impactante e comovente. Como você classificaria este livro? Conte-nos um pouquinho mais sobre ele.
R: É um livro real, que conta a história de várias mulheres. Eu romanceei e centrei as histórias em Olga e Marisa.

EL&Cia: Percebi que As mulheres que não sabem chorar é um livro de lições, um livro que vai fazer o leitor refletir, principalmente aqueles que têm a mente um pouco mais fechada. Conte-me, você se sentiu coagida ao tratar do tema “relacionamentos homoafetivo”?
R: Coagida? Nunca! Homofóbicos não me assustam...

EL&Cia: Este livro relata a vida de Olga e Marisa, duas mulheres que poderiam ser quaisquer mulheres da nossa sociedade, logo, compreendo que ele traz muitas vozes sociais. Você, quando começou a escrevê-lo, tinha essa intenção ou ela surgiu com o fluir da escrita?
R: A intenção era essa, tanto que o colhi depoimentos de moradoras de rua, mães de família, professoras, advogadas, médicas, índias e todas com mais de 40 anos.

EL&Cia: Como já comentamos o ato de ler no Brasil é algo ainda bastante desvalorizado, o que você acha que poderia ser feito para mudar essa realidade?
R: Eu vejo que muitas ações em prol da leitura são realizadas diariamente. Mas acredito que a escola, que deveria ser a maior incentivadora, peca muito, não ajuda. Lógico que não são todas as escolas.
EL&Cia: Lilian, para você, o escritor deve escrever visando os lucros ou por prazer?
R: Os dois, mas cada escritor e escritora devem escolher o destino de seus desejos literários. Acredito que as duas formas são válidas.

EL&Cia: Lilian, sabemos que ser escritor(a) exige muito de quem escreve, pois você precisa terminar algo que começou e muitas vezes fica difícil de escolher entre as mil e uma possibilidades que nossa mente nos apresenta. Logo, precisamos nos distrair para poder espairecer. Nestas horas, você costuma ler? Aliás, quais são os seus escritores favoritos?
R: Eu vejo o mar. Sinto o cheiro do mar. Tomo banho de mar.
Minhas escritoras de cabeceira são: Simone de Beauvoir; Virginia Woolf; Clarice Lispector; Florbela Espanca; Elisa Lucinda; Martha Medeiros; Olga Kharitidi etc.

EL&Cia: Lilian, existe muitas discussões sobre o que é e o que não é literatura. Para você, o que é literatura?
R: É a minha ferramenta contra a opressão!

EL&Cia: Agora eu gostaria de saber, o que você diria para os jovens escritores que estão em busca de publicação?
R: Não desista!

EL&Cia: Foi um prazer poder entrevistá-la, Lilian, e tudo o que posso te desejar é muito sucesso! Para finalizarmos nossa entrevista, gostaria de pedir para que você deixe uma mensagem aos nossos leitores, para que quem não a conhece sinta-se motivado a conhecer. Assim, pode deixar endereços de contato, links de onde comprar o livro e tudo mais! Fica ao seu critério!
R Olá, queridos!
“A cada uma hora e meia, uma mulher morre vítima de violência masculina no Brasil...”
O quê nós fazemos para mudar essa realidade?


Abraço para todos!
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E ai? Gostaram? Então não deixem de conferir o trabalho da Lilian!

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