Entrevista: Karen Soarele dá entrevista exclusiva ao nosso blog!

Olá pessoal! Hoje é um dia muito especial! A nossa querida autora nacional Karen Soarele concordou em conceder uma entrevista exclusiva ao nosso blog. Nela, Karen revela muitas opiniões, desejos e novidades sobre suas obras!  Para quem se lembra, nós abrimos o nosso blog com uma resenha do livro Línguas de Fogo da série Crônicas de Myríade. Logo, se você acompanha a autora, fique ligado! Se você não a conhece, acredito que é hora de conhecer! Vamos conferir?

Entrevista Karen Soarele

EL&Cia: Olá Karen! É um imenso prazer para eu poder entrevistá-la! O blog Era uma vez... Livros e Cia agradece por sua atenção e para iniciarmos esse nosso bate papo exclusivo, quero perguntar, quem é Karen Soarele?
Karen: É um prazer enorme estar aqui! Muito obrigada pelo convite. Para quem não me conhece, eu sou uma criadora. Digo isso porque não trabalho apenas na escrita de histórias, mas também crio ilustrações para revistas e jogos de celular. A minha vida é inventar e levar emoção a quem aprecia a minha arte! Por formação, sou publicitária, pós-graduada em Comunicação: Linguagens, construção textual e literatura. Nasci em Assaí/PR, já morei em Curitiba e Brasília, e hoje vivo em Campo Grande/MS.

EL&Cia: Sabe Karen, todo mundo, em algum momento da vida, descobre seus verdadeiros objetivos e eu adoraria saber, quando foi que você decidiu que queria ser escritora? Conte-nos um pouquinho sobre isso.
Karen: Quando comecei a escrever eu ainda era adolescente. Não pensava em publicar, apenas queria que os meus amigos lessem. Naquela época a história estava muito crua, era apenas um rascunho do que viria a se tornar mais tarde. Ela ficou na gaveta por longos dez anos! Só depois de concluir a pós-graduação eu decidi que realmente queria concluí-la. Para isso, precisei jogar fora grande parte, substituir por idéias novas e reestruturar o universo inteiro. Valeu a pena! O resultado foi uma história que eu jamais imaginaria quando era mais jovem.

EL&Cia: Além de escritora, você tem outros hobbies, profissões... E ai?
Karen:  Por profissão, sou ilustradora. Desenho passatempos, como sete erros e jogo da memória, e diagramo revistas infantis. Isso tudo é feito aqui no meu estúdio em Campo Grande/MS, e enviado para a editora que fica no Rio de Janeiro. A editora que publica é a Coquetel, que faz parte do grupo Ediouro. São distribuídas nacionalmente e me trazem muito orgulho.
Esse ano, estou com novas ideias de projetos! Além de continuar com as revistas, eu e minha equipe estamos desenvolvendo jogos para celulares. Nossa estreia é um jogo chamado Go Ninja Go!, no qual você precisa correr com seu ninja, desviar ou derrotar os fantasmas e comer lámen. Está disponível para Android, e em breve também para iPhone. No momento, já temos alguns outros projetos em andamento, mas ainda não posso divulgar.

EL&Cia: Você encontrou muitas dificuldades para publicar os seus livros? Conte um pouquinho para nós sobre o processo de publicação.
Karen: Quando decidi publicar meus livros eu já trabalhava a alguns anos com as revistas da Coquetel. Isso me ajudou bastante, no sentido de conhecer algumas ferramentas de publicação e também certos profissionais do ramo. Recebi propostas de algumas editoras, mas em todos os casos eu teria que pagar e elas não fariam a distribuição. Decidi publicar por conta própria. Já ter uma empresa facilitou a parte de documentação.
Pensando bem, vejo que toda a minha vida até aquele momento já me preparava para isso! Iniciar a carreira literária foi uma aventura e tanto, e hoje em dia vários aspirantes a autores vêm me pedir conselhos, os quais dou com prazer. É claro que tive dificuldades, todo mundo tem. Mas tive também muito apoio dos amigos e familiares, que não me permitiram desistir dos meus sonhos.

EL&Cia: Então Karen, pensando neste contexto de publicação/divulgação de obras brasileiras, eu estou sempre tentando trazer novidades para os meus leitores, e, assim, gosto muito de fazer entrevista com autores brasileiros para ajudar o público a conhecer o nosso atual cenário literário que, muitas vezes, passa despercebido em meio “as febres internacionais”. O que, em minha opinião, é uma pena. Pensando neste contexto, o que você acha que falta para que os autores brasileiros sejam reconhecidos?
Karen:  É muito triste dizer isso, mas o que falta é incentivo financeiro. Você já parou para pensar em porquê os autores internacionais são vistos? É muita publicidade em cima, é pagar aquele extra para a livraria colocá-lo em destaque. Enquanto isso o autor nacional sofre até para fazer a distribuição. Veja bem, temos vários autores nacionais de sucesso, mas eles são acompanhados de editoras que investem. Longe de mim dizer que esse é o único motivo! Um trabalho só pode ser reconhecido quando é bom. O problema é que não basta ser bom para ser reconhecido.
Acredito que uma mudança radical já está acontecendo, e grande parte disso é devido a uma mudança de pensamento dos próprios leitores. Antigamente, todo mundo queria que o autor desse livro de graça. “Afinal, já vou ter que ler um livro nacional, pelo menos não quero ter que pagar por ele”, é o que pensavam. Acontece que criação cultural é uma coisa séria, é trabalho. Não é um pedido de favor. Se um leitor vai ler um livro meu com desdém, prefiro que nem leia. Meu trabalho envolve muita paixão, muito amor, é feito para encantar e divertir. Esse é um amor compartilhado entre mim e meus leitores, é como um namoro. O escritor oferece o melhor de sua alma e espera que seja recebido com carinho. E o leitor está aprendendo isso. E está descobrindo que vale a pena recompensar o suor e as lágrimas do autor.

EL&Cia: Bem, você sabe que existe uma grande barreira entre os livros e os brasileiros, tanto é que a última pesquisa feita em território nacional apresentou resultados alarmantes, constatou-se que o brasileiro lê quatro livros por ano, contando a bíblia e livros didáticos! Pensando por este lado, alguma vez já se sentiu desmotivada em escrever?
Karen: Essa pesquisa me deixou preocupadíssima. Conheço blogueiros que lêem 52 ou, valha-me Deus, até 104 livros por ano!!! Agora pare e pense, se esse pessoal está jogando a média para cima, e ela chega só até quatro, imagine como anda o restante do país.
Isso não me desmotiva a escrever, muito pelo contrário! O Brasil possui muitos problemas, e eu acredito piamente na melhora através do incentivo à leitura. Faço a minha parte. Por meio de palestras e doações a projetos sérios, busco trazer as pessoas para o mundo dos livros. Não apenas os meus, incentivo que leiam de tudo. Existe literatura para todos os gostos, é importante que cada leitor descubra o que lhe traz prazer e mergulhe de cabeça. Leitura melhora a comunicação e o senso crítico. E o Brasil precisa muito disso.

EL&Cia: Aliás, qual é sua maior motivação?
Karen:  O que mais me incentiva a seguir em frente e dar o melhor de mim, mais que isso, o que me inspira e me traz a emoção de criar um mundo imaginário são os meus leitores. Leitores que vibram junto, que me mandam mensagens, reclamam que tal personagem morreu, se perguntam se certo casal ficará junto no final... Isso é o que me faz sentar todos os dias em frente ao computador, sonhar e escrever.

EL&Cia: Karen, sabemos que ser autor no nosso país é algo desafiador, a divulgação é muito difícil e o retorno é uma flecha incerta que não sabemos se vai acertar o alvo. O que você me diz a este respeito? De fato é muito difícil vender seu trabalho?
Karen: Sim, é bem difícil. Primeiro, o leitor precisa descobrir que meus livros existem, isso geralmente acontece pela divulgação boca a boca. Uma pessoa lê, empresta o livro a outra, que indica a outra, que vai e compra, assim por diante. Não é algo que exploda da noite para o dia, é preciso tempo e esforço para divulgar.
Depois, vem a questão da distribuição. É simplesmente impossível uma livraria possuir em seu estoque livros de todos os autores nacionais que existem. Os autores são muitos e o espaço é pouco. Além de que, existem outras questões com as quais até mesmo grandes editoras têm dificuldade de lidar. Acaba que o leitor procura, procura, mas não encontra os livros que quer ler. A melhor solução é comprar pela internet. Como nem todo mundo tem esse costume, é necessário ter paciência e estar disposto a ensinar.

EL&Cia: Pensando por este lado, você acredita que os blogs literários tem feito a diferença no quesito divulgação?
Karen: Com certeza! Os blogs funcionam como divulgação boca a boca, a diferença é que o material publicado pelo blogueiro (resenha, vídeo, etc) ficará por muito tempo disponível no site. Qualquer pessoa que quiser mais informações, poderá buscá-las ali.

EL&Cia: Agora, Karen, eu gostaria de focar um pouquinho mais nas suas obras. Sabemos que as Crônicas de Myríade são repletas de histórias, os personagens têm seus próprios deuses, suas próprias vontades e características marcantes. Para criar tudo isso, deve ter dado um trabalhão! Logo, uma pergunta que não quer calar é, de onde você tira inspiração? Ela simplesmente aparece ou você tem algumas táticas?
Karen: Deu bastante trabalho, mesmo porque é um universo com regras próprias. Eu preciso criar tudo com muito cuidado para evitar contradições no futuro. Encontrar inspiração é a parte mais fácil! Em primeiro lugar, ela vem da minha paixão por fantasia, que me levou a dar início ao projeto. Mas também, quando estou por aí, lendo alguma coisa, assistindo, jogando, ou até mesmo presenciando cenas do dia a dia. Tudo o que vejo é inspirador! Mais difícil é a hora de sentar e escrever, propriamente dita.

EL&Cia: Tenho os dois livros das crônicas de Myríade e estou terminando o segundo. Percebi que sua escrita evoluiu muito e o enredo da história é fantástico, logo, gostaria de saber, de onde surgiu a ideia para fazer estas crônicas?
Karen:  Eu sempre gostei de fantasia, principalmente daquelas em que é possível realizar magias e enfrentar criaturas mitológicas. Crônicas de Myríade surgiu dessa paixão, e da vontade de criar um mundo impressionante. Mas eu decidi começar com uma premissa simples, que com o tempo evoluiria para algo mais grandioso, e assim surgiu Línguas de Fogo. A partir do segundo livro, a história começa a tomar um ritmo diferente. A ideia é que a protagonista se envolva gradativamente com a guerra de Myríade, e que o mesmo aconteça com o leitor.

EL&Cia: Você escreve fantasia. Já vimos muitos livros que são ambientados em um lugar diferente, como os livros de Tolkien que se passam na Terra Média e recentemente, George R. R. Martin e suas crônicas de Gelo e Fogo. Pensando por este lado, já houve comparações entre os seus livros e livros como estes citados?
Karen: Meus livros são mais frequentemente comparados à série Deltora Quest, o que me traz muita alegria. No caso da Terra Média e de Westeros, servem como influência para mim.

EL&Cia: Línguas de Fogo nos introduziu a fantástica terra de Myríade, conhecemos a Aisling, uma menina doce e gentil que faz de tudo para salvar o amigo, uma cruel Coronela que parece não ter piedade de ninguém, e acompanhamos as aventuras de um núcleo de personagens que lutam por uma causa que parece perdida. Assim, estou errada a associar estes personagens a diversos tipos sociais que vemos atualmente? O livro, de fato carrega essa mensagem moral?
Karen: Todas as pessoas do mundo têm problemas e o livro busca mostrar as diversas formas de se lidar com eles. Algumas são levadas pelo destino, outras o constróem. Algumas usam seus problemas como justificativa para comportamentos ruins, enquanto outras olham para o futuro, buscam corrigir seus erros e lutam por um amanhã melhor. Eu não diria que são tipos sociais, apesar do livro tocar nesse assunto também, mas é principalmente voltado para tipos de personalidades. A forma de cada um enfrentar as adversidades, e o que aprendem, ou deixam de aprender, com elas. Essa é uma leitura mais aprofundada do texto, que é encoberto por cenas de ação.

EL&Cia: Estou lendo o volume dois da série e devo admitir que estou impressionada com sua criatividade, principalmente em descrever lugares como Riverlyen. Conte-nos, como funciona esse processo de “criação” dos ambientes? Porque, eu realmente consigo me imaginar lá e você consegue dosar a descrição com a leveza, sem deixar o livro extremamente descritivo, algo que valorizo muito!
Karen: Os locais de Myríade não são criados de uma vez só. Eu não sento e falo “agora vou inventar uma cidade”. Essa é uma construção realizada através dos meses, enquanto estou na etapa de planejamento do livro. E preciso ir anotando as ideias para não esquecer! De qualquer forma, criar uma cidade e apresentá-la para o leitor são coisas diferentes. Por mais que ela esteja inteirinha edificada na minha cabeça, não posso simplesmente descrevê-la. Uma cidade viva é descoberta pelo personagem aos pouquinhos, e o leitor precisa acompanhar essa descoberta. Na vida real, dificilmente alguém senta e observa um local. Em vez disso, vive-se nele. É por isso que a descrição aparece mesclada às ações dos personagens.

EL&Cia: Conte-nos, já tem previsão de quando sairá a continuação da série? Ou isso ainda é uma surpresa?
Karen: O terceiro livro da série se chamará Fração de Segundo, e ainda vai levar alguns meses para sair. Antes disso, será lançado o segundo spin-off, intitulado A Canção das Estrelas. Nesse livro, acompanharemos os acontecimentos que se passam uma semana antes de Línguas de Fogo e influenciam diretamente toda a série Crônicas de Myríade!

EL&Cia: Karen, para você, o escritor deve escrever visando os lucros ou por prazer?
Karen: Muita gente imagina que escritor nada no dinheiro, e isso não poderia estar mais distante da realidade. São poucos os que conseguem se sustentar apenas por meio da escrita, e mesmo esses muitas vezes precisam complementar seus ganhos escrevendo para sites e revistas. Sendo assim, ninguém deve escrever visando os lucros, pois corre sérios riscos de se decepcionar. Por mais que seja uma escrita comercial, ela deve ser feita por amor. Aliás, não existe trabalho no mundo que fique bem feito sem existir amor. O primeiro requisito para escrever um bom livro é apaixonar-se por ele.

EL&Cia: Karen, eu não sei você, mas muitos escritores, inclusive eu, ás vezes sente um bloqueio criativo e precisa espairecer para retomar o trabalho. Nestas horas, você costuma ler? Aliás, quais são os seus escritores favoritos?
Karen:  Eu nunca havia tido um bloqueio criativo até alguns meses atrás. Estava escrevendo A Canção das Estrelas quando, de repente, me bateu aquele pensamento: “E agora?”. Foi desesperador! Precisei me afastar da história, ler, ver filmes, relaxar. Quando voltei a escrever, precisei reler tudo para descobrir onde estava o problema. O motivo de não conseguir prosseguir não estava na parte em que parei, estava antes. Quando finalmente consegui retomar a escrita, tive uma sensação de liberdade incrível.
Sobre meus escritores favoritos, quanto mais eu leio, menos tenho certeza das minhas preferências. Um livro que me inspira bastante é A Guerra dos Tronos. Apesar de eu não ter terminado de ler ainda (vivo passando outros livros na frente), quando estou sem ânimo para escrever é só ler um capítulo e tudo volta ao normal. A narrativa do George R. R. Martin é muito interessante.

EL&Cia: Karen, existe muitas discussões sobre o que é e o que não é literatura. Para você, o que é literatura?
Karen:  Discussões? Eu diria que existe uma guerra! Sem me ater a polêmicas, eu diria que, para ser literatura, o texto precisa envolver o leitor, estimulando-lhe pensamentos e sentimentos tanto bons quanto ruins, mas que sejam marcantes naquele momento em sua vida.

EL&Cia: Agora eu gostaria de saber, o que você diria para os jovens escritores que estão em busca de publicação?
Karen: Mantenham a cabeça nas nuvens e os pés no chão. Mais importante do que a forma de publicação, são os leitores. Concentrem-se neles e trabalhem muito! Não se deixem abalar pelas dificuldades e nunca esqueçam que a prioridade é compartilhar histórias e viver bons momentos.

EL&Cia: Foi um prazer poder entrevistá-la, Karen, e tudo o que posso te desejar é muito sucesso! Para finalizarmos nossa entrevista, gostaria de pedir para que você deixe uma mensagem aos nossos leitores, para que quem não a conhece sinta-se motivado a conhecer. Assim, pode deixar endereços de contato, links de onde comprar o livro e tudo mais! Fica a seu critério!
Karen: Foi um prazer enorme responder às perguntas! :)
Aos leitores do blog, convido-os a conhecerem a série Crônicas de Myríade, especialmente aqueles que gostam de histórias repletas de magia, aventura e momentos emocionantes! Tenho para mim que um livro precisa encantar, prender o leitor, deixá-lo tão empolgado que só consiga largar na última página. E Myríade é assim: o livro funciona como um portal. Uma vez lá dentro, dificilmente conseguirá sair. Terá que acompanhar Aisling até o fim da jornada.
Então venham viver essa aventura! Os links estão logo abaixo.
Site oficial (e lojinha): http://www.cronicasdemyriade.com.br/
Muitos beijos! Vejo vocês em Myríade!!!



2 comentários:

  1. Adorei a entrevista!!!! A Karen é muuuito gentil né?! Adoro os livros dela... comprei esses dias Tempestade de Areia.

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  2. Verdade, a Karen é uma belezinha mesmo!

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