Resenha: O Punhal — Jéssica Anitelli

Olá meus queridos, estou em dívida com vocês, pois esses dias tive congresso na faculdade, então não deu para eu postar resenha! Mas já temos material para começar as postagens, por exemplo, nesse ínterim, eu li o livro O punhal e Princesa de Gelo (ambos nacionais!), logo, segue duas resenhas quentinhas para vocês! A primeira, por ordem de leitura, do livro O punhal! Vamos conferir?

Jéssica Anitelli declara-se uma leitora voraz de fantasia, mas descobriu que gosta de ler de tudo um pouco, variando entre os gêneros. Nasceu na cidade de Leme/SP em 1990 e atualmente mora em São José dos Campos/SP. É formada em Letras pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e escreve desde os 17 anos, quando deu início aos primeiros capítulos da sua obra de estreia no mundo literário, O Punhal, uma história de vampiros dividida em quatro livros que tem como palco sua pequena cidade natal no interior de São Paulo. É também autora dos romances eróticos Volúpia, publicado pela Editora Literata, Notas de Luxúria e O Aroma da Sedução, lançados em versão digital pela Amazon. 
Com toda essa bagagem para os seus 24 anos, a obra de estreia de Jéssica é deveras interessante, pois ela consegue nos contextualizar em um mundo vampiresco completamente diferente ao que estamos acostumados, é objetiva ao nos levar para uma cidade do interior chamada Leme onde seus vampiros ganham vida e nos fazem acreditar neles. Tanto que realmente conseguimos imaginar os locais onde a história se passa devido as exatas coordenadas que nos dá através das páginas bem escritas da sua história, porém, algumas observações devem ser feitas.
Há algumas partes que considerei extremamente repetitiva e me deixaram incomodada, como, por exemplo, a descrição de Júlia como uma "linda garota ruiva", tudo bem, isto é interessante, mas isso é repetido a todo momento ao se referir a Júlia! Até mesmo na fala de Augusto que tem uma personalidade forte, logo, não acredito que alguém espontaneamente iria dizer isso a todo instante ao se referir a uma pessoa. O mesmo ocorre com a descrição de Marta como uma "linda morena" e outros personagens. Acredito que essa enfatização desnecessária tornaram os personagens de Jéssica um tanto mecânicos e "distantes" da verossimilhança. Tais repetições tonaram minha leitura um tanto mais lentas, porém são relevantes em comparação ao potencial da obra e claro, considerando que Jéssica era uma iniciante, a história realmente tem potencial.
Gostei bastante da versão de seus vampiros, principalmente por eles seguirem mais a "lenda" original. Acredito que Jéssica conseguiu trazer isso para história com maestria, sem torná-la massante ou incoerente, mas os "olhos verdes" da família de Diogo ficaram mal explicados, ou, em outras perspectivas, confusa. Não consegui absorver tal informação, principalmente por Augusto, ás vezes, não dar sequência ao que começa. Talvez seja algo de sua personalidade, talvez seja algo que passou despercebido aos olhos da autora, enfim, espero conseguir entender melhor ao começar o segundo volume da série. 
Também gostaria de destacar que o tempo psicológico é sutil ao cronológico e o espaço aberto é bastante explorado, possibilitando uma movimentação interessante a fim de tornar a obra dinâmica. O narrador onisciente neutro também contribuiu na fomentação da obra, pois ele narrava ora de cima, ora de lado, ora da periferia e isso ajudou muito. Também há partes que surgiu o narrador câmera que também contribuiu para solidificar a narrativa. Gostei também da seleção dos focos narrativos, acredito que ficaram coerentes a história, possibilitando-nos a conhecer o núcleo seletivo e até mesmo criarmos um vínculo afetivo com eles.
O insólito é identificado nessa obra e eu gosto quando ele se materializa na forma de Realismo mágico, pois podemos compreender que o insólito é tudo aquilo que destitui as expectativas do leitor que tem como referência sua realidade vivenciada em seu universo racional, ou seja, aquilo que foge à ordem e à lógica que se é estabelecida no convívio social. O insólito é caracterizado por ser algo não habitual, que não é “normal”, mas sim extraordinário, podendo ser criado através de fatos sobrenaturais ou acontecimentos/eventos aparentemente inverossímeis. Estes acontecimentos, por sua vez, podem causar a surpresa ou a decepção ao senso comum.
Nesse sentido, entendemos por realismo mágico ou realismo maravilhoso tudo o que é sobrenatural, mas que é aceito com muita naturalidade. Podemos dizer que ele possui duas visões do mundo opostas, sendo uma normal ou natural que nada mais é do que a nossa própria realidade assim como a conhecemos e a sobrenatural, ou seja, algo fora de nossa realidade racional e que mesmo assim no realismo mágico é aceito como se fizesse parte da vida real. Júlia e até mesmo Diogo consolidam esse realismo mágico ao aceitar a maravilha com facilidade. Eles duvidam, mas não questionam, logo aceitam e passam a viver a maravilha, assim como todos os outros envolvidos. Jéssica foi sutil, mas firmou sua obra nesse ramo e me fez querer mais.
Logo, eu recomendo, sim, este livro para todos os amantes de vampiros assim como eu, também recomendo para aqueles que gostam de algo fora da realidade, mas ainda assim tão apegado a ela e acredito que o leitor vai se apaixonar pela série! Eu já irei começar, em breve, o segundo volume! E então darei minha opinião a vocês! Por hoje é só! Até mais pessoal!

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